Zeferino nasceu de família
altiva e generosa, da tribo valente dos Índios Araucanos, das terras da
Patagônia. Se nele a santidade pôde florescer foi porque achou um terreno
propício nas qualidades humanas próprias da sua terra e da sua estirpe,
qualidades que ele assumiu e aperfeiçoou.
Escolheu para modelo de vida,
Domingos Sávio. Antes de tudo tinha a alegria. “Ele sorri com os olhos”, diziam
de Zeferino os seus companheiros. Era a alma das recreações, de que participava
com criatividade e entusiasmo, por vezes até com irrupção. Sabia fazer mágicas,
o que lhe valeu o título de “mago”. Organizava competições, e ensinava aos seus
colegas o melhor modo de preparar arcos e flechas, a fim de, ao depois,
treiná-los no tiro ao alvo.
Dom Bosco recomendava a
Domingos também os deveres de estudo e piedade. No colégio salesiano de Villa
Sora, em Frascáti (Itália), Zeferino – embora encontrando dificuldades em
língua italiana – conseguiu em poucos meses tornar-se o segundo da classe. No
boletim de notas sobressai um ótimo desempenho em língua latina, que para ser
sacerdote representava então requisito importante.
A piedade de Zeferino era
normal e característica, dos ambientes salesianos, firmemente radicada nos
Sacramentos, especialmente na Eucaristia, considerada “a coluna” do sistema
preventivo. Era por isso que Zeferino assumia de boa vontade o encargo de
sacristão. Durante os meses da sua permanência em Turim, era visto deter-se por
longas horas no Santuário de Maria Auxiliadora, em diálogo íntimo com o Senhor.
Dom Bosco por fim recomendava
a Domingos que ajudasse os colegas. A poucos dias da morte, o nosso beato disse
ao P. Iorio: “Padre, eu dentro de pouco tempo vou partir, mas recomendo-lhe
este pobre jovem que jaz nessa cama perto da minha. Volte com frequência a
visitá-lo… Sofre tanto! De noite quase não dorme: tosse muito…”. Isto dizia
Zeferino, cujo estado era muito pior e absolutamente não podia dormir.
Ao entrar na Basílica Vaticana
pode-se ver bem no alto, no último nicho à direita da nave central, uma grande
estátua de São João Bosco, que aponta para o altar e o túmulo de São Pedro.
Perto dele estão dois jovens: um de feições europeias, outro com os típicos
traços somáticos da gente sul-americana. É evidente a referência aos dois
jovens santos: Domingos Sávio e Zeferino Namuncurá. É a única representação de
adolescentes presentes na Basílica Vaticana. Permanece assim, fixado no
mármore, no coração da cristandade, o exemplo da santidade juvenil e, junto,
persiste forjada a perene validade das intuições pedagógicas de Dom Bosco: após
um século e meio, na Patagônia como na Itália e em tantos países do mundo, o
sistema preventivo amadurou em frutos quase inesperados, formou heróis e
santos.
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